sábado, 25 de junho de 2011

Sobre Cazuza.


De Cazuza, o Filme, tiramos uma grande lição: de uma forma ou de outra sempre pagamos o preço exato por nossos atos.

O filme, baseado num livro escrito pela mãe do poeta, narra sua vida e revela fatos interessantíssimos como, por exemplo, a existência de um pai quase inexistente e de uma mãe extremamente devoradora, que bancava todos os atos do filho “exagerado”.

O pai, sem tempo para o filho e a mulher, homem de negócios importantíssimo que era (e ainda é) não consegue perceber a formação de uma relação quase incestuosa entre mãe e filho. Essa, em nome de um suposto amor, aceita tudo, admite tudo, e, para piorar, ainda tenta pagar as contas de seu “maior abandonado”. Quando ele decide morar sozinho é a prestimosa mãe quem vai se preocupar com a limpeza e arrumação do apartamento, que, aliás, é custeado com o dinheiro do pai.

E assim Cazuza segue, podendo tudo, sem limites, sem forma e sem decisão. Não sabe se é do rock ou é do samba, não sabe se gosta de meninos ou meninas, então se relaciona com os dois, sem culpas, verdadeiro “beija-flor”, sem compromisso, “sem pódio de chegada ou beijo de namorada”, apenas um cara. A permissividade da mãe e a quase inexistente figura paterna são o terreno fértil para isto.

Verdadeiro beija-flor, disposto a voar livremente e experimentando apenas o mel da vida, nunca precisou pagar por nada. Quando Lucinha encontra uma sacola de maconha em seu apartamento e joga fora é alertada pelo filho de que aquilo custava dinheiro. Sua resposta? “Eu pago”. Sequer a gasolina de seu próprio carro precisava pagar e, quando esta acabava Cazuza não precisa caminhar até o posto mais próximo, bastava um telefonema que a mãe se prontificava a levar para ele.

Mas Cazuza pagou um preço alto pelos seus atos, pagou com juros tudo aquilo que se negou a pagar ao longo da vida: pagou com a própria vida, pois não há ilusões, pois na verdade tudo na vida tem um preço, pois na verdade “o tempo não para”.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ética

OU QUANDO A RAPOSA TOMA CONTA DO GALINHEIRO

"A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7)

Achei no site Mundo dos Filósofos um quadrinho sobre a ética e gostaria de compartilhar com vocês:

Ética Normativa
Ética Teleológica
Ética Situacional
Ética Moral
Ética Imoral
Ética Amoral
Baseia-se em princípios e regras morais fixas
Baseia-se na ética dos fins: 
"Os fins justificam os meios".
Baseia-se nas circunstâncias. Tudo é relativo e temporal.
Ética Profissional e Ética Religiosa: 
As regras devem ser obedecidas.
Ética Econômica: 
O que importa é o capital.
Ética Política: 
Tudo é possível, pois em política tudo vale.
http://migre.me/56zrK

A esta altura já dá para perceber a relação umbilical entre ética e moral, até porque, dizem os doutos, a morale latina teria no grego ethos o seu equivalente. Há que defenda que a ética, em verdade, é o estudo do comportamento humano sob o ponto de vista da moral.

Ouso eu dizer que a postura ética desejável por toda a sociedade é aquela segundo a qual o respeito às diferenças tem que prevalecer sobre os desejos do indivíduo, já que concebo a ética como um conjunto de valores morais e princípios que determinam a conduta do próprio sujeito.

A ética de um sujeito o acompanha em todas as suas ações, nos mais diversos ambientes, sendo uma característica pessoal marcante e que se reflete em todas as suas relações, nos mais diversos ambientes. Quem é ético nos negócios certamente o é na família, na política, no esporte, enfim, até embaixo d’água. O mesmo ocorre em sentido contrário. Quem não é ético em um dos setores de sua vida, não o é nos demais.

Recentemente o Pastor Oliveira de Araújo, da Primeira Igreja Batista de Vitória e Presidente da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo teve uma brilhante ideia: durante as romarias feitas por ocasião da Festa da Penha, evento obviamente católico e mariano, seria montada uma tenda em que seriam distribuídos panfletos e feitas pregações aos romeiros que, então, seriam evangelizados segundo os princípios batistas. (http://migre.me/56zsi)

Grande e brilhante idéia, não é? Aproveitamos que uma determinada Igreja é capaz de movimentar uma multidão e, “de grátis”, vendemos o nosso peixe. Aproveitamos que os católicos comemoram a festa de Maria para dizer que celebrar Maria é errado.

A mensagem do Pastor Oliveira de Araújo é clara: os fins justificam os meios e como os católicos não são crentes, seria um dever dos batistas evangelizá-los.

Perguntinha básica: isso é respeitar a fé alheia? Isso é uma postura ética?

Acreditando que a ética não é casuística, mas acompanha sempre o sujeito onde quer que ele vá, não posso acreditar que o Pastor Oliveira Araújo, capaz de uma afronta dessas, seja alguém que faça da ética uma companheira de viagem vida afora.

Pois o referido senhor foi escolhido pelo Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Espírito Santo, Renato Casagrande, como membro do Conselho Estadual de Ética Pública do Estado do Espírito Santo, que tem dentre suas atribuições principais  subsidiar o governador e os secretários de Estado na tomada de decisões, receber denúncias sobre atos de autoridades praticados em contrariedade às normas do Código de Conduta, determinar a realização de diligências que julgar convenientes e submeter ao governador do Estado sugestões de aprimoramento do Código de Conduta. (http://migre.me/56zyv)

E eu cheguei a pensar que a ética era pressuposto para admissão em tal conselho.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Decadence avec elegance


Subir não é fácil e manter-se no alto mais difícil ainda.
Para se posicionar num lugar acima dos outros você pode estudar muito, planejar bastante, analisar o ambiente com profundidade, trabalhar à exaustão, suar a camisa, sofrer algumas injustiças, angariar simpatias aqui, desafetos acolá até que, finalmente, seja reconhecido.
Pode, também, simplesmente torcer e arquitetar meios de fazer com que o outro caia.
É verdade: também fica acima quem, podendo subir um degrau, exaltando suas próprias qualidades, demonstrando seu potencial, opta por puxar para baixo quem esteja num degrau acima com críticas e maledicências.
Se você prefere rebaixar alguém a subir não tem problema, mas já que sua escolha é pela sua própria decadência, tenha ao menos elegância.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Violência


SILÊNCIO, ESTOU FALANDO DE VIOLÊNCIA

Quando digo que a violência é inerente ao ser humano sinto que não falta quem queira me bater.

Digo mais: as crianças são, via de regra, mais violentas que os adultos.

Calma, leitor, não precisa atirar agora.

Violência vem de violar, descumprir, quebrar, romper uma regra pré-estabelecida: Enfiar a mão em vez de usar uma palavra que exprima o sórdido sentimento que provocou o tapa.

É aí que a coisa pega: a violência vem quando a palavra não chega: é a incapacidade que o ser humano tem de compreender as regras, de estabelecer uma relação baseada no código que ele mesmo criou. Quando o código de normas de comunicação não é bem entendido ou utilizado e quando o ser não consegue lidar com o simbólico, é a vez do animal falar mais alto.

E você que é papai ou mamãe preste atenção no seu pimpolho: Você vai perceber que ele não pede gentilmente o brinquedo ao coleguinha (ele não sabe falar, lembra?) ele toma o objeto que deseja e pronto: custe a quem custar e doa em quem doer.


Imagem obtida em http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTV6wIOlDM5opMsu6UM-LjGcHQVseAYyxwov8v02OcDMbkEpWOFMw