sábado, 25 de junho de 2011

Sobre Cazuza.


De Cazuza, o Filme, tiramos uma grande lição: de uma forma ou de outra sempre pagamos o preço exato por nossos atos.

O filme, baseado num livro escrito pela mãe do poeta, narra sua vida e revela fatos interessantíssimos como, por exemplo, a existência de um pai quase inexistente e de uma mãe extremamente devoradora, que bancava todos os atos do filho “exagerado”.

O pai, sem tempo para o filho e a mulher, homem de negócios importantíssimo que era (e ainda é) não consegue perceber a formação de uma relação quase incestuosa entre mãe e filho. Essa, em nome de um suposto amor, aceita tudo, admite tudo, e, para piorar, ainda tenta pagar as contas de seu “maior abandonado”. Quando ele decide morar sozinho é a prestimosa mãe quem vai se preocupar com a limpeza e arrumação do apartamento, que, aliás, é custeado com o dinheiro do pai.

E assim Cazuza segue, podendo tudo, sem limites, sem forma e sem decisão. Não sabe se é do rock ou é do samba, não sabe se gosta de meninos ou meninas, então se relaciona com os dois, sem culpas, verdadeiro “beija-flor”, sem compromisso, “sem pódio de chegada ou beijo de namorada”, apenas um cara. A permissividade da mãe e a quase inexistente figura paterna são o terreno fértil para isto.

Verdadeiro beija-flor, disposto a voar livremente e experimentando apenas o mel da vida, nunca precisou pagar por nada. Quando Lucinha encontra uma sacola de maconha em seu apartamento e joga fora é alertada pelo filho de que aquilo custava dinheiro. Sua resposta? “Eu pago”. Sequer a gasolina de seu próprio carro precisava pagar e, quando esta acabava Cazuza não precisa caminhar até o posto mais próximo, bastava um telefonema que a mãe se prontificava a levar para ele.

Mas Cazuza pagou um preço alto pelos seus atos, pagou com juros tudo aquilo que se negou a pagar ao longo da vida: pagou com a própria vida, pois não há ilusões, pois na verdade tudo na vida tem um preço, pois na verdade “o tempo não para”.

4 comentários:

  1. Como todos sabem meus ídolos musicais são todos da época de ouro do rádio. Para mim Cazuza nem era tão, tão assim como compositor, mas como ser humano, com certeza foi muito pior.
    Dessa forma, podem até gostar da música dele, mas por favor não admirem esse estilo de vida suicida...
    Poetas Suicidas só so do passado que eram pobres, brilhantes e tomavam absinto, filhinho de papai mimado não, por favor!

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  2. Pois é, João Cláudio, o estilo de vida do menino exagerado não é o que se pode chamar de exemplo. Confesso, entretanto, que sou fã de suas letras e cantei muito com ele.

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  3. Cara! esse papo de que Cazuza era filhinho de papai e mal exemplo pode até fazer sentido mas daí a falar que o cara não era lá essas coisas como compositor... pra mim isso é papo preconceituoso de gente que não fez parte daquela geração. Eu adoro Cazuza com todas as letras e rebeldias que o cercavam. Ninguém precisa ser exemplo pra ninguém. No caso de Cazuza a obra dignifica a carreira dele e o coloca na galeria dos grandes mestres da música brasileira. Salve Cazuza!!!

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  4. É como eu disse: independente de qualquer coisa, sou fã de suas letras.

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